domingo, 17 de abril de 2016

Os tintos de 2014, duvidas e decisões

Inicio de Março 2016, com o meu amigo Luis Lopes temos decisões importantes a tomar acerca dos lotes a fazer com os tintos de 2014.


Quantos vinhos fazer?
Quais os vinhos a lotear com o quê?
Que vinhos a engarrafar a parte?

A resposta a primeira pergunta ficou muito condicionada pelo factor ano, pois 2014 foi um ano de ma memoria por ter sido um ano em que perdi metade da produção.

Setembro de 2014 foi um mês de diluvio, chuva intensa durante muitos dias. As castas mais sensiveis não resistiram.

Tivemos de realizar uma seleção severa no momento das vindimas. Como sempre, apenas aproveitamos as uvas sãs e maduras, mas em 2014 isso traduziu-se em perdas mesmo importantes.

Por ter ficado com tão pouco vinho em 2014, não vou repetir o numero de engarrafamentos realizados com os 2013.





Neste inicio de Março 2016, faltava definir o que fazer com as barricas restantes de tintos 2014, aquelas que nos tinham mais emocionado. Poucas barricas, 11 no total.

Ja tinhamos preparado um lote de tinto 2014 com as barricas e cubas que julgava mais adequadas a um vinho para disfrutar de forma mais simples.

Sobraram aquelas 11 barricas e tinhamos que definir o que fazer com elas.

Provamos varias vezes cada barrica.

Antes de provar, recordavamos as provas anteriores, as emoções que nos tinha procurado cada uma delas, de maneira a constatar a evolução de cada uma.

Cada uma das vinhas que cultivo é vinificada e estagiada separadamente.

Fazer assim da imenso trabalho, é complicado a varios niveis, mas permite-me aprender a conhecer a expressão de cada local, de cada vinha. Em francês diriamos a expressão de cada "terroir".

Nestas 11 barricas, tinha a expressão de 8 vinhas diferentes.
Em 3 vinhas, o ano foi tão duro que nem consegui obter uma barrica de cada uma. Essas 3 pequenas parcelas tiveram por isso de ser misturadas. As barricas desses blends estavam fantasticas e ficava-se com a duvida sobre o que fazer.


Engarrafar a parte ou lotear com outras barricas?

Nos casos das barricas de parcelas isoladas, tambem se ficava com a mesma duvida.

Provava-se a barrica de uma vinha e ficava-se encantado com a fruta fresca da mesma.

Provava-se as barricas de outra vinha e ficava-se pasmado com um aroma que nos lembrava camadas de granito, como se as pudessemos visualizar.

Provava-se outra vinha dominada no field blend pela Baga e pela Jaen, uma vinha de que tinha duas barricas e ficavamos pensativos, sem perceber porquê uma barrica lembrava tipicamente a Baga, enquanto a outra apresentava um aroma tipico de Jaen.

Provava-se outra vinha e ficava-se com um sensação de energia e dinamismo que caracteriza sempre o vinho daquele local.

Provava-se a barrica de uma vinha localizada numa encosta exposta a Sul/Poente e la estava aquele lado mais selvagem, mais solar.

Provava-se as duas barricas da centenaria e ficavamos rendidos ao seu caracter unico.

Como podem compreender as duvidas sobre o que fazer eram muitas.

Se pudesse... Se as quantidades fossem maiores e se o meu trabalho ja estivesse reconhecido, então engarrafava tudo a parte, de maneira a partilhar estas emoções com quem abrir as garrafas no futuro.

Mas como essas condições não estão reunidas, decicimos juntar 9 barricas numa cuba de 1500 litros e de apenas guardas as duas barricas de centenaria a parte.

Estes 1500 litros formarão um grande tinto Vinhas Velhas 2014, disso não tenho duvidas.

Por enquanto irão ficar varios meses a estagiar numa cuba, de maneira a harmonizar o lote, a casar cada peça do puzzle. Quando essa harmonia estiver alcançada, poderemos pensar em engarrafar.

Até la vamos poder nos entreter com os diversos vinhos de 2013 que vou lançar este ano.
Mas disso falarei num proximo post!

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