sábado, 25 de julho de 2015

2015, ano precoce?

Desde que comecei esta aventura em 2010, penso que este ano, a continuar assim, sera o ano mais quente e precoce que conheci enquanto viticultor.

Faz me pensar ao ano canicular de 2003, mas até me pergunto se este não sera ainda mais quente, pela persistência do mesmo.

Depois dos quentes 2010 e 2011, no Dão Serra da Estrela conhecemos 3 anos tardios : 2012, 2013 e 2014. Com este 2015 voltamos aos anos quentes, portanto de maturação mais precoce a nivel de açucar.

As vindimas vão por isso provavelmente ter de se realizar mais cedo. Em particular no branco com castas como a Bical que importa não vindimar demasiado tarde se queremos preservar frescura.

Para contrariar esta tendência,vamos deixando as folhas a volta dos cachos. Ao contrario dos anos tardios ou humidos, este ano não desfolhamos para proteger os cachos de demasiado sol e calor.

E o que posso fazer.



Tento me adaptar ao ano. Mas seria bom poder contar com a ajuda da natureza. Um pouco de chuva para trazer agua as plantas e temperaturas amenas no mês de agosto seria um boa ajuda para obter uvas mais equilibradas do que uvas "amadurecidas a pressão".


Mas por enquanto, o tempo não parece para ai virado.
As previsões por enquanto continuam a apontar para a seca.

Podia-se temer algum atraso ou mesmo paragem da evolução do ciclo vegetativo, devido ao intenso calor e seca, mas por enquanto não se verifica isso nas vinhas que cultivo. Pelo contrario nota-se mesmo adiantamento em relação aos anos anteriores. O pintor apareceu muito cedo este ano, a 10 de Julho ja se via nas vinhas que cultivo...

A que se deve esta capacidade de resistência das plantas? Ainda por cima nestas condições de seca, em solos graniticos com pouca capacidade de retenção das aguas.

Dificil responder de forma absoluta. Apontaria para o tamanho e fundura do sistema de raizes destas plantas velhas. Raizes fundas que se mantêm vivas devido ao arejamento dos solos e preservação da vida dos solos necessaria a sua alimentação.

Plantas adaptadas ao local, adaptadas ao seu terroir e last but not least, cultivadas sem herbicidas (matadores de minhocas e afins necessarios a alimentação e arrejamento das raizes fundas) e sem adubos quimicos (desenvolvedores de raizes superficiais não resistentes a seca sem rega).

Tento fazer o que posso, mas tudo tem limites e para uma colheita ideal, equilibrada, sera necessario que a mãe natureza dê tambem uma mãozinha.

4 comentários:

  1. Muito interessante saber as dificuldades que vocês passam, estou torcendo para dar tudo certo, gostei muito do Blog estou seguindo agora

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  2. Belo post. Gostei muito!
    Bebi o seu tinto 2011 e estou curioso em relação ao branco 2014. Presumo que em Lisboa só na garrafeira nacional.

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    1. Obrigado pela sua mensagem.
      Penso que esta a referir-se ao branco 2013, pois o branco 2014 ainda não foi engarrafado.
      O branco 2013 em Lisboa de facto pode encontrar na Garrafeira Nacional, mas tambem em outras boas garrafeiras. Por exemplo esta na Delidelux ou na Wines 9297. Penso que tambem deve estar no ECI.
      Recomendo tambem o tinto 2012.
      Boas provas!

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