sábado, 17 de maio de 2014

Epoca de observação

Vinha da Serra - fim de Abril 2014


 De todas as vinhas que estou a recuperar, esta era a que se apresentava mais atrasada.



Este facto não sera alheio a localização da vinha, em altitude, acima dos 600m, ja em plena Serra da Estrela.


Alem do atraso geral do ciclo vegetativo, tambem se verificava heterogeneidade entre as variedades.



Nesta vinha de field blend, encontramos tinto e branco, e dentro de uma cor, castas mais precoces ou mais tardias.


Enquanto algumas cêpas apresentavam varas ja bem desenvolvidas, outras ainda estavam no inicio.


 Esta altura do ano é muito boa para se perceber as diferenças de comportamento entre os diferentes locais, perceber os sitios mais frios ou mais quentes, mais precoces ou tardios. Notam-se muito mais as diferenças do que nas fases seguintes.



Nesta altura tambem se notam mais as falhas. No caso desta vinha existem ja mesmo muitas...


Tambem deu para constatar um facto triste, varias cêpas não rebentaram...
Cêpas secas, mortas.



Essas ja não as consegui safar. Cheguei tarde de mais...

domingo, 11 de maio de 2014

Lavrar as vinhas

Fim de Abril, altura de realizar os segundos trabalhos da terra do ano.
Depois da escava invernal foi agora tempo de lavrar a terra.


 Esta segunda volta é necessaria para preparar o solo para ajudar ao crescimento dos novos lançamentos.
Depois da chuva invernal, as ervas cresceram muito, iriam ao manter-se altas, competir demasiado com as cêpas, em particular na luta pela agua.


Alem disso a lavra permite recobrir de terra os regos da escava. As cêpas ficam assim protegidas dos calores que virão no verão e ao mesmo tempo tapam-se assim as ervas eventuais que nasceram nas linhas.


Este trabalho mecanico permite portanto evitar o uso de herbicidas, o quimico destruidor de vida do solo.


Nestas fotos vemos o trabalho realizado na vinha velha onde tenho muito Bastardo.
Esta vinha tinha sido estrumada em Dezembro, carreira sim, carreira não.
Agora so foram lavradas as carreiras que não tinha levado estrume.
Foram lavradas a cavalo.
Nas carreiras que levaram estrume, limitamo-nos a cortar as ervas com uma maquina de fio.


Cada vez mais chegam vozes a criticarem-me por estes métodos, a criticarem-me por não seguir a via quimica, a via do não trabalho dos solos, a via do uso dos herbicidas.
Como se pode ver ao percorrer nesta altura as vinhas do Dão e das outras regiões do pais, essa é a via seguida por 99% dos produtores.



A essas vozes respondo o seguinte:
Ao trabalhar o solo como o faço ficam os trabalhos mais caros? Ficam sim.
Fica a produção do vinho mais caro? Fica sim.
Ficam os solos mais vivos? Ficam.
Aumenta a qualidade do vinho? Aumenta, sem duvida.
Permite desenvolver os micro-organismos necessarios a vnificação do vinho sem uso de produtos enologicos? Permite, em particular das leveduras.



Alem disso digo-lhes o seguinte : quando beberem o meu vinho, se o chegarem a fazer, poderão ter a certeza que não estarão a beber algo que contem veneno para a vossa saude.
Estes métodos respeitam a terra, respeitam a saude dos homens que trabalham nas vinhas e respeitam a saude de quem bebe o vinho.

Se não for para trabalhar assim, então prefiro dedicar-me a outra coisa do que vinho!

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Relato da prova na GN Cellar

Para memoria futura, ficam aqui algumas fotos da prova que decorreu no Domingo 27 de Abril na GN Cellar, em Lisboa.

Foi uma boa oportunidade para divulgar o meu trabalho pelas terras do Dão serrano e para conviver com os enofilos da capital.



Pude assim rever amigos e conhecer ao vivo alguns de vocês que de vez em quando vêm aqui ler as minhas aventuras. So por isso ja valeu a pena a viagem! Foi mesmo muito bom!


Alem do tinto Dão Vinhas Velhas 2011, que esta a venda na GN Cellar, levei comigo algumas surpresas para quem fez o esforço de aparecer.

Na mala que me acompanhou no comboio, levei por isso tambem umas amostras do tinto de 2012 e do branco de 2013. Na vespera tinha ido a Pellada tira-las das cubas.



O branco, oriundo de 5 vinhas velhas do sopé da Serra da Estrela, foi vinificado naturalmente, sem adição de produtos enologicos, nem leveduras, nem enzimas, so uva e um minimo de sulfuroso.
Isto explica porquê passados 7 meses o vinho ainda continua a fermentar um resto de açucar residual. Foi por isso engraçado ver as reacção das pessoas ao provar este OVNI.
Quanto mais passava o tempo, mais sobressaia a mineralidade do granito serrano.


Estive la quase quatro horas. E como ja é habitual, estes vinhos requerem arrejamento prévio. Por isso decantei o 2011. Ao fim das 4 horas os restos das garrafas estavam brilhantes, deixando muito orgulhoso pelo resultado obtido depois de tanto trabalho e sacrificio.


O tinto 2012 confirma-me cada vez mais o que sempre achei desde o inicio. Os anos tardios são mesmo os melhores!

E assim foi a minha primeira experiência em provas de garrafeira. Um bom momento. Venham mais!

sábado, 3 de maio de 2014

Chegou o tempo da espoldra

Chegou o tempo da espoldra, trabalho essencial para prevenir doenças e canalizar recursos para onde eles são mesmo necessarios na planta.



A espoldra consiste em remover os lançamentos inuteis que nascem dos olhos que aparecem nos troncos das cêpas, os ditos "ladrões" (operação a que tambem se chama "desladroamento") e em remover os "duplos" que nascem na vara.

Antes

Durante

Depois


As plantas ficam assim mais arejadas, menos cargadas com verdura inutil e consumidora de recursos importantes para o seu desenvolvimento. A saude e qualidade do fruto agradecera!