terça-feira, 25 de junho de 2013

Bye, bye floração!

A informação que me chega da Santa Terra indica que o São João veio dar por terminada a floração.


Uma etapa importante passada com sucesso!

terça-feira, 18 de junho de 2013

A espoldra

O post de hoje é dedicado a espoldra.



O que é a espoldra? Devem estar a perguntar-se os mais curiosos.


Para mim, a espoldra é dos "trabalhos em verde" mais importantes.
O que esta em jogo é principalmente a concentração dos recursos naturais onde mais são precisos, assim como a criação de um ambiente favoravel a boa saude da planta e dos seus frutos.


Tiram-se os lançamentos ladrões, ou seja os lançamentos que nascem no toro. Em geral esses lançamentos não são beneficos, estão ali a consumir recursos, agua, nutrientes, energia, que depois de removidos, podem ser orientados para os lançamentos que ficam, ou seja, para os lançamentos portadores de cachos.


Tem de se ter cuidado porque por vezes convem deixar um ladrão, principalmente no caso de poda em Guyot. Quando é necessario rebaixar uma videira, temos de pensar no que se fara a esta cêpa nos proximos anos, deixando um ladrão que mais tarde podera servir de talo para criação de uma futura vara de produção.

Esta é uma da razões pela qual a espoldra não pode ser realizada por qualquer um. Tem de se saber o que se esta a fazer, ser capaz de tomar decisões que impactarão o futuro.




A espoldra não se limita a questão dos lançamentos ladrões.
Ha outros lançamentos a remover, os chamados "gêmeos" ou "duplos".


Segundo as castas, a videira tem tendência a desenvolver um ou dois olhos no mesmo sitio.
O Jaen, por exemplo tem essa tendência.
Convem nesse caso escolher um dos dois lançamentos e retirar o menos interessante.


As energias e os recursos concentram-se assim no lançamento que fica, favorece-se assim a produção de qualidade.


Os cachos ficam mais arejados, menos sujeitos a humidade.


Cria-se assim um microclima menos favoravel ao desenvolvimento de fungos, ou seja a espoldra tambem é uma medida eficaz de prevenção das doenças.



Um trabalho minucioso, um trabalho de "vigneron"!



sábado, 15 de junho de 2013

Depois da geada

Como tinha contado anteriormente, este ano tinha sido castigado pela geada numa das vinhas.
Cheguei a temer uma perda de produção de 90%.

Na semana a seguir a geada de fim de abril, foram removidos os talos queimados, para facilitar e acelerar o nascimento de novos lançamentos.
Felizmente a vinha tem recuperado bem.

A parte de cima foi a menos afectada pela geada, ai praticamente não se queimou.


A parte de baixo é que se queimou mais.


Muitas varas das cepas de baixo ficaram so com um ou dois lançamentos, o resto queimou-se.

Mas ainda tive alguma sorte devido ao tipo de poda.
Na poda Guyot, alem da vara escolhida para a produção do ano, deixamos, quando possivel, uma espera mais abaixo na cepa com dois olhos, de maneira a criar vara para a produção do ano a seguir e poder renovar e rebaixar a videira. Ora nessa espera, os olhos não se queimaram e deram geralmente lugar a duas varas, cada uma com um ou dois cachos.

Nesta videira, vemos a esquerda os lançamentos das esperas, a direita vemos um lançamento da vara principalmente que escapou a geada, e no meio dois lançamentos bébés, nascidos depois de remover os lançamentos iniciais queimados.

Sendo assim, de tudo correr bem, ainda consiguirei ter alguma produção, talvez 4 ou 5 cachos por cêpa. A ver vamos!

segunda-feira, 10 de junho de 2013

O quadro impressionista e o trabalho dos solos

Quando cheguei a "Terra Santa", em finais de Maio, encontrei a vinha salva com a vegetação do solo bem desenvolvida, de certa forma selvagem!


Parecia um quadro impressionista...


O artista, a natureza, lembrou-se de juntar ali aquelas cores todas.


Apesar de ter passado a maquina de martelos na altura da poda, em finais de fevereiro, para cortar a erva, a chuva abundante desde então, veio ajudar o artista a recompor o quadro a sua maneira...


Eu, tal um terro(i)rista la tive de escangalhar o trabalho do artista, passando desta vez a grade de discos.


A grade de disco para ter um efeito dois em um :
- cortar as ervas para que elas não entrem em competição com as cêpas na procura de agua durante o verão que se avizinha.
- arrejar os solos, para facilitar a entrada de agua e de ar nos mesmos.

E assim! A mão do homem tambem conta!

quinta-feira, 6 de junho de 2013

A floração, o Jaen e a Serra da Estrela

Ficam aqui algumas fotos que ilustram o estado fenologico das videiras da vinha centenaria na semana passada, ou seja a ultima semana de Maio 2013. 


A floração esta ai a bater a porta!


Durante a espoldra deu para começar a reconhecer castas.


Alem da Baga, da Tinta Pinheira e do Bical (aka Borrado das Moscas), ficamos com a ideia que a casta mais presente é a Jaen, talvez uns 40% do encepamento.


Ali, no sopé da Serra da Estrela, o Jaen sente-se em casa! 


Gosta destes solos graniticos, arenosos, destas altitudes...
E nos tambem gostamos dela!

terça-feira, 4 de junho de 2013

De regresso da terra do granito


Regressei a Paris, a vida real, depois de uma semana por terras do Dão Serrano a tratar do meu projecto.

Os melhores momentos foram passados na vinha, era tempo de espoldra, operação em verde que considero das mais importantes e de que falarei num proximo post.

A procura dos crus continuou, as ideias não param, faltam são as condições para concretiza-las. Vai se fazendo o que se pode.

Foi tempo tambem de lutar contra os obstaculos, procurar soluções num pais em que teimam a complicar o que poderia ser simples e bom para todos. O lema continua por isso a ser o "remar, remar"!