terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

A poda da vinha centenaria

Na quinta-feira 24 de Janeiro, mal cheguei a terra santa, aproveitei logo a primeira tarde para ir podar.
Fomos três pessoas, o meu sogro, o Ti Zé Rebelo e eu. No dia seguinte tb foi o meu primo Flavio "Sokota" para apanhar as vides.

Foram bons momentos, que aqui vou relatar.


As cêpas apresentavam formas que têm mais a ver com o contorcionismo do que com os standards da viticultura actual.



Começamos pela parte de baixo.


E fomos subindo, levando duas carreiras de cada vez.


Eu alternava entre a carreira do meu sogro e do Ti Zé Rebelo.


As varas iam ficando em pequenos montes carreira sim, carreira não.


As varas foram depois apanhadas e queimadas pelo meu primo Flavio aka "Sokota".



Pelas varas conseguiamos reconhecer algumas castas brancas e tintas.


Nas brancas reconhecemos o Bical, conhecido localmente pelo nome de "Borrado das Moscas".


Nas tintas reconhecemos bastantes cêpas de Jaen e de Baga.


La mais para a frente, despois do abrolhamento, quando começarem a aparecer as folhas, ja se podera identificar mais castas pela forma da folha.


Encontramos videiras muito cansadas. Notava-se que pelo menos na poda do ano anterior houve um claro abuso a nivel da carga deixada. Não era rara a vez em que encontramos videira com 16 ou 20 varas, um exagero para cêpas tão antigas. Não temos duvidas que a continuar assim, em meia duzia de anos morriam todas...


Encontravamos assim, principalmente na parte de baixo, varas muito finas e curtas, com muito pouco vigor. A vinha estava cansada e esfomeada.
Para resolver isto tivemos muita vez de apenas deixas três olhos, a ver se a vinha ganha vigor este ano.
Por isso, a colheita sera pequena este ano, mas a situação que encontramos assim o obriga. Pelo menos se formos sérios a salvar a vinha.


Podar é relaxante!
Pelo menos para mim, que vivo numa grande cidade, é uma actividade que me permite evacuar o stress acumulado. E mesmo muito bom, actividade manual mas ao mesmo tempo cerebral, tecnica, a levar-nos a tomar varias decisões, pois cada cêpa é um caso a resolver.



 Longe da cidade, aqui so se houvem os passaros e o vento. Quando se tem consciencia disto, o momento presente torna-se jubilatorio.
Os amadores do Yoga estão avisados, têm aqui uma boa alternativa!


 No cimo da vinha encontra-seuma tradicional palheira ;)


O Ti Zé Rebelo, com 88 anos de experiência, la ia podando cêpas ainda mais idosas do que ele.
"Este sitio é muito bom, ha poucas vinhas assim tão barreirentas" dizia-lhe referindo-se ao declive, solo e orientação da vinha.
"Pena é a vinha estar no estado em que esta", "vais ter pouco vinho"...


Ainda recebemos uma visita :)


A visita de uma pessoa sem a qual nada disto seria possivel.


Agora a proxima fase sera estrumar a vinha. Ela esta esfomeada, bem precisa para reforçar o vigor.
Para tal tera de vir alguem que tenha um cavalo para abrir a terra, pois as carreiras são estreitas, não permitem a entrada de tractor. Alias mesmo com o cavalo não sera facil, pois o espaço para virar tambem é curto. Vai ser engraçado!

8 comentários:

  1. Mais um grande artigo cheio de carinho pelo Dão!!

    Votos de bom trabalho!!!

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  2. Meu Caro, belas fotos, bela Vinha, muito Bela mesmo. Já ando ha anos com vontade de "pegar" numa vinha da família...cada vez ganho mais vontade.CumprimentosIL

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  3. Lindo!
    Já tive a oportunidade de provar uma das suas experiências à dois anos na banca do Alvaro Castro no Vinho ao Vivo, fiquei com o Tinta Pinheira na memória....estou muito curioso com o que anda a fazer....quando será possível voltar a provar os seus néctares? Vai mete-los no mercado?
    Cumprimentos e felicidades nesse projecto!

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  4. Guardo boas recordações desse dia no Vinho ao Vivo. Foi no verão de 2011, fui a convite do Alvaro Castro para dar a provar os vinhos de 2010 e assim ouvir opiniões. Tinha levado de facto um Tinta Pinheira, assim como um Jaen e mais dois outros vinhos de vinhas velhas com castas misturadas, onde se encontra muita Baga. Hoje em dia esses vinhos estão misturados num blend a espera de engarrafamento.
    A ideia é começar a engarrafar nesta primavera.

    Sim pretendo coloca-los no mercado, por varias razões.
    A primeira é que isto tudo da bastantes despesas e so pode ser sustentavel se houver vendas.
    A segunda e não menos importante é que quero ajudar a divulgar o Dão.
    A terceira é que, embora seja quase utopia, sonho um dia poder-me dedicar a isto a 100%.
    Bem haja pela curiosidade demostrada!

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  5. Também guardo boas recordações desse final de tarde de Verão. Lembro-me perfeitamente do Tinta Pinheira, não me lembro se provei os outros ou não.
    Espero poder contribuir para que se possa dedicar a isto a 100%.
    Até breve e boa continuação, está num óptimo caminho!
    Cumprimentos

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  6. www.Global-Satisfaction.pt
    Verdadeira obra d'arte em vinhas velhas.
    Digno de ser apreciado.

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