sábado, 28 de abril de 2012

Exemplos de rotulos que aprecio

Como sabem, estou numa fase de reflexão sobre a questão dos rotulos.

Andei a procurar inspiração, tentando recordar-me de alguns rotulos cuja estetica me tenha marcado mais do que o normal.

Deixo aqui alguns exemplos.

Em França, gosto particularmente dos rotulos dos vinhos do falecido Didier Dagueneau. 
Artisticos e com sentido, acho-os fascinantes, ao ponto que quase se apetece guardar a garrafa vazia depois de o vinho bebido.

Rotulo da cuvée "Pur Sang", inspirado pelos tempos pré-historicos, claramente um dos meus preferidos


O rotulo da cuvée "Silex", lembra tambem os tempos pré-historicos e ilustra bem a filosofia da casa baseada na procura da mineralidade, da expressão do terroir 


Clos du Calvaire, rotulo pouco consensual, mas que tambem me atrai 


Para terminar a série Dagueneau, mais um rotulo bem conseguido, deta vez de  um vinho rarissimo "Astéroïde"

De Espanha, gosto particularmente do rotulo dp Petalos da casa Descendientes de J.Palacios.
Um vinho da região do Bierzo, uma região "prima" do Dão, ja que é das regiões onde o Jaen, neste caso conhecido pelo sinonimo "Mencia", melhor se exprime.

Neste rotulo gosto dos toques de cor, pousados pelo pintor, nos ramos da arvore (cêpa?)

Em Italia, acho interessante os tons pastéis dos rotulos da casa Vietti



Neste caso, o imagem parece trabalhada ao lapis

E em Portugal?

Um dos mais engraçados é para mim o vinho madeirense "Terras do avô".
Não sei porquê este rotulo lembra-me muito Portugal.


Conto tambem com a vossa participação.
Partilhem tambem alguns rotulos que apreciam particularmente.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Propostas de rotulos - Propositions d'étiquettes

Um amigo propôs-me de tentar criar umas propostas de rotulos, caso engarrafe qualquer coisa um dia destes.

Não lhe dei indicações, para não o condicionar.
Disse-lhe apenas para vir ver o blog e deixar funcionar livremente a sua inspiração

Vou neste post apresentar as suas quatro propostas.

Gostava que me dessem a vossa opinião, nem que seja so dizer se gostam ou não.

Por enquanto não ha texto.

A base das quatro propostas tem a ver com o copo de vinho tinto, sempre presente nas adegas artesanais dos pequenos lavradores das Beiras.
Um copo simples servido "a rasar", como gostam os velhotes da terra.


Temos assim propostas com uma cor forte no centro contrastando com o fundo preto.

A primeira proposta representa a presença da montanha dentro do copo, atraves do vinho tinto oriundo do sopé da Serra da Estrela. A montanha esta simbolizada pelas linhas de relevo, pela sensação de espaço.

01 - A montanha no copo - La montagne dans un verre (lignes de relief)
A segunda proposta é uma variante da primeira, misturando o conceito da montanha com o reflexo da luz no vidro do copo, que se nota por exemplo na base do copo.

02 - A montanha, a luz e o vidro - Montagne, lumière et le verre
A terceira proposta tem a ver com o solo, com a sua granularidade.
Este solo tambem esta dentro do copo de tinto.

03 - O solo no copo - le sol dans un verre
A quarta é uma mistura das três primeiras.


04 - Mix dos 3 - Mix des 3
Agora digam la a vossa opinião, gostam, não gostam?
São boas ideias para um rotulo de uma garrafa de vinho?

Qu'en dites-vous?
Bonne ou mauvaise idée pour une étiquette de bouteille de vin?

domingo, 15 de abril de 2012

O seguimento da meteo em viticultura - le suivi de la météo en viticulture

A partir de agora e até a vindima torna-se necessario seguir a evolução do clima, de maneira a planear os trabalhos na vinha, em particular os relativos a prevenção de doenças.

Pessoalmente habituei-me a utilizar duas fontes via net.

O site do Instituto de Meteorologia de Portugal em http://www.meteo.pt


... e o site http://freemeteo.com

Gosto de confrontar duas fontes de maneira a ter uma ideia mais precisa da probabilidade de realização das previsões.
As vezes ambas falham. Lembro-me por exemplo em 2010, na altura da vindima de anunciarem chuva em varias quinta e sexta-feiras e depois não chovia.
No entanto, na maoiria das vezes acertam, o que torna estes sites numa boa ajuda a decisão.

Alguem utiliza estes sites?
Estão satisfeitos?
Aconselham outras fontes?

sexta-feira, 13 de abril de 2012

A Biodinâmica em 35 perguntas - La Biodynamie en 35 questions

Venho divulgar o ultimo livro que li, um livro escrito por um antigo colega de trabalho, Antoine Lepetit e que saiu agora para o mercado.



Antoine abandonou em 2004 a vida de engenheiro para recentrar de forma brilhante a sua vida profissional na sua paixão, o vinho. Hoje em dia, o Antoine é o braço direito da Anne-Claude Leflaive, para muitos a grande referência nos vinhos brancos da Borgonha.

Antoine descobriu em 2004 a pratica da Biodinâmica quando estagiava no Domaine Zind-Humbrecht e depois de alguns anos de pratica decide agora partilhar connosco os seus conhecimentos sobre este tema, respondendo as 35 perguntas com as quais mais vezes foi confrontado pelos amantes do vinho. 

O livro neste momento so existe em versão francesa.

Quem, como eu, estiver interessado podera enconmenda-lo via este link :

http://www.lapierreronde.com/fran%C3%A7ais/boutique/


sábado, 7 de abril de 2012

Trasfega manual e por gravidade - soutirage manuel et par gravité

Como tinha explicado em post anteriores, tenho trabalhado os vinhos sem grandes equipamentos, utilizando a força dos braços e a gravidade.

Foi mais uma vez o caso na ultima trasfega que fiz aos vinhos de 2010, no inicio de Março.

A trasfega é o que costumam chamar de "passargem a limpo do vinho".
O vinho com o tempo vai acumulando as borras no fundo da vazilha. Periodicamente é assim necessario separar o vinho "limpo" das borras que se acumularam no fundo da vazilha.
Isso permite que o vinho clarifique, fique mais limpido, e ganhe uma estabilidade micribilogica, ja que as borras contêm leveduras mortas e bacterias.

Neste caso tinha 5 barricas a passar a limpo.
Como sempre a primeira coisa que fiz foi ir encher garrafões de agua de furo, agua limpa, sem chloro, que me permite assim limpar os pipos depois de ter retirado o vinho e antes de o voltar a la por.


E importante que seja agua de furo, porque a agua da rede contem chloro, precursor aromatico do cheiro a rolha, defeito a evitar.

Enchi assim vinte e tal garrafões para ter 4 garrafões por barrica e mais alguns de sobras.


Depois cada barrica é tratada da mesma forma.
Inicia-se o processo, ata-se uma mangueira a um pau, deixando-se um espaço e introduz-se no pipo. Quando o pau bate no fundo, a mangueira com o espaço deixado fica por cima das borras, o que permite so retirar a parte limpa.


Do outro lado da mangueira, cria-se um depressão, aspirando com a boca.
Assim que pegou larga-se logo a mangueira para não ficarmos aflitos com o fluxo do vinho nos pulmões...


O vinho cai então numa pequena vazilha, sem ser puxado por bombas, apenas por gravidade, o que para o vinho é muito mais suave, pois a bomba é pratico mas tem o inconvenientes de violentar um pouco o vinho.


Aproveita-se então para adicionar o sulfuroso necessario a correcção que se deseja realizar.
Como ja tinha explicado, ja tinha medido o sulfuroso livre de cada barrica no dia anterior, por isso ja sabia o que tinha de deitar em cada caso, sempre com o objectivo de não abusar do sulfuroso, para o bem do vinho e da sua expressão, mas tambem para o bem do consumidor.

Quando para o fluxo de vinho e que ja so restam as borras no fundo da barrica, usam-se os braços para mover a barrica e depois evacuar as borras pelo batoque.

Depois deita-se agua dentro da barrica e lava-se por dentro, movimentando a barrica durante alguns minutos de um lado para o outro. Envajei-se depois a barrica e repete-se a operação até sair agua limpa.


Deixa-se então a barrica a esgotar.

O vinho volta-se depois a por dentro da barrica, neste caso mais uma vez sem bombas, com cantaros, a força dos braços.

Trabalho pesado e longo, mas respeituoso do vinho.

Como retiramos as borras e que temos de atestar a barrica para o vinho não oxidar, temos de utilizar as sobras que temos, neste caso em garrafões.
A solução garrafão não é optimal mas é a que tenho. No futuro a ver se consigo uma cuba "sempre cheia", daria muito jeito e sobretudo segurança.



Para passar a limpo 5 barricas foi assim preciso um dia de trabalho a duas pessoas.
Ambos chegamos ao fim do dia estafados, mas conscientes da qualidade do trabalho realizado.

E caso para dizer que se trata de vinho feito a mão, "hand made" ou de "alta costura" para usar termos um pouco mais pedantes.

Em maio sera a vez de passar a limpo os vinhos de 2011.